quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Espera

[caption id="attachment_361" align="alignleft" width="300"] Foto: Melissa Venable[/caption]

Esperava há tanto tempo que não era mais capaz de contar. Sentado na cadeira de estofado pouco confortável, sem espaço para as costas, para esticar as pernas. Chão de pedra, frio. Chão frio em uma sala quente. Ventilador de teto estragado, dizia a folha de ofício ao lado do interruptor. No balcão, ninguém. Todos tinham sumido há muito, sem deixar nem mesmo o eco atrás de si. Estava só.

Espere um minuto, haviam dito. E ele esperou. E ainda esperava, envolto em tempo parado. Cercado de vazio. Paredes, chão, teto. Luz fluorescente. Uma janela.

Levantou-se.

Do lado de fora, um mendigo deitado na grama rala, debaixo da única árvore visível.

Aguarde apenas mais um pouco, disse uma voz atrás de si. Em breve chamarão o senhor.

Respirou muito fundo.

A porta bateu com estrondo atrás de si. Mas ele mal ouviu o barulho - era como algo que vinha de muito longe, de uma sala que nunca havia existido, de um mundo de estranho sonho ao qual nunca mais precisaria voltar.