Dez, quinze, vinte milhões de anos-luz. Explode em energia, rumo ao infinito, lançando partículas luminosas de sonho em meio à escuridão. Sonho que não sabe seu destino, que nada sabe de si mesmo, apenas avança, em busca de algum lugar. Longe.
Morreu há tempos, a estrela. De onde saiu o sonho, resta apenas a anã marrom, engolindo a si mesma, sugando para dentro de si tudo que a rodeia em um esforço destrutivo e inútil de preenchimento do vazio. Seus sonhos, porém, cruzam o espaço. A sonhadora está morta, mas os fragmentos de sua essência seguem navegando no infinito.
E chegam até mim.
"Ela está morta", me diz alguém. "Morta há milhões de anos. Como todos os sonhos".
Escuto, mas não dou ouvidos. Fecho os olhos. E tento sentir o toque da luz contra meu rosto, sonho em meio ao sonho, destino final de uma viagem que mal posso conceber.