Ultimamente, eu tenho sonhado quase todas as noites que estou voltando a estudar. Às vezes, é como se eu estivesse entrando em outra faculdade, em um local estranho e com colegas desconhecidos; em outras, sou mais novo e estou retornando à escola - às vezes o velho Visconde do Rio Grande onde fiz todo o primeiro grau, às vezes algum outro lugar que não conheço e provavelmente só existe no meu subconsciente. Nem sempre esse retorno às aulas é o aspecto central do que estou sonhando - muitas vezes é apenas um detalhe, um cenário onde coisas ocorrem ou apenas uma ideia que flutua difusa em minha mente enquanto outros eventos se desenrolam. Seja onde e como for, é sempre um retorno: sinto-me como quem não frequenta a aula há tempos, alguém que volta de recesso ou mesmo que abandonou seus antigos compromissos em nome de um recomeço, de um novo aprendizado.
Não sei interpretar isso muito bem. Sonhos não costumam ser muito literais, de forma que eu não acredito que o lado escuro da minha mente esteja dizendo largue tudo, largue tudo agora mesmo e volte a estudar. Mas talvez ele esteja me pedindo disposição renovada para alguma coisa - para aprender, para conviver e viver. Talvez existam coisas dentro de mim que ainda preciso contemplar, e seja necessário esse retorno. Talvez seja o meu encantamento da criança que precisa voltar... Ou talvez seja apenas a simbologia do recomeço. Estamos sempre recomeçando, não é? Coisas acabam na nossa vida o tempo todo, e às vezes a gente não entende imediatamente, às vezes não queremos entender, às vezes apenas fechamos os olhos, o coração. Pode ser que o recado seja: algo acabou, é hora de algo começar. Permita, permita-se. Talvez seja apenas isso: preciso retornar a mim mesmo. Corrigir ligeiramente a rota, para que ela diga ainda menos sobre o mundo, um pouco mais sobre mim mesmo.
Não sei, não sei. Mas estou tentando apreender. Aprender, enfim.