"Qual o sentido das coisas?"
"Das coisas?"
"Sim. Da vida. Da existência. De tudo."
"Hmmm. Não sei. Acho que não existe sentido, no fim das contas."
"Mas isso é terrível."
"Hmmm."
"Se não há sentido, estamos perdidos. É tudo em vão. Precisamos de sentido!"
"É, acho que sim. Precisamos mesmo."
"E então, o que fazer? Não nos resta mais nada."
"Pense pelo outro lado. Se precisamos de sentido, e não existe um sentido que a gente consiga enxergar, talvez possamos simplesmente inventar um."
"Inventar um sentido para tudo? Não seja ridículo."
"Não, pense comigo. A gente pode escolher qualquer coisa para ser o sentido de tudo. Podemos fazer com que o sentido seja bom para a maioria das pessoas. Podemos fazer com que as coisas sejam melhores."
"E piores, também. Quem me garante que o sentido que eu inventar será bom para todo mundo? Pode ser horrível para muita gente. Você está delirando. Alguém precisa ter inventado o sentido antes da gente, senão vira uma bagunça. Ou é porque não há sentido, mesmo."
"De repente, é inventando o sentido que a gente acaba achando o sentido de verdade."
"Ah, sim. Claro."
Fez-se silêncio. No céu, apenas nuvens pequenas, distantes.
"Vem. Vamos embora. Já é hora."
"Não entendi. Embora para onde?"
"Como assim para onde? Para casa. Vamos embora para casa."