quinta-feira, 25 de julho de 2013

O Andante, o Relógio e o Caminho

Em uma pedaço de grama à beira do Caminho, senta o Andante. É um longo e acidentando Caminho, o que talvez justifique a pausa. Uma linha reta? Certamente não; parece mais uma trilha sinuosa, com várias curvas, que desvia-se várias vezes de forma estranha e pouco lógica. O próprio Andante parece ter pouca pressa: quando anda, perde tempo em rotas inexploradas e usa poucos atalhos. Tropeça. Às vezes dá uma série de passos para trás. Em outras, como agora, senta-se longamente em uma das laterais da estrada, toma fôlego, observa a paisagem enquanto esquece de todo o resto.

Se continuares assim, não chegarás nunca, diz o Relógio, exasperado com tanto atraso e lentidão. Por que diabos te atrasas? Por que insistes em ficar aí, perdendo tempo?

Gosto do Caminho, responde o Andante, após alguns instantes de silêncio. E não posso cruzá-lo muito rápido; quando ele acabar, não mais terei por onde ir.