sexta-feira, 26 de julho de 2013

O começo

Estava sozinho. Deixou lentamente seu precário esconderijo e, de pé em meio aos escombros, contemplou os arredores. Tudo havia sido posto abaixo. Os arranha-céus, os monumentos, telhados, janelas, asfalto e escadarias - tudo arruinado. Alguns focos de incêndio ainda eram visíveis, não muito longe - podia sentir as ondas de calor incidindo em sua pele. Um hidrante inútil cuspia jatos d'água em direção ao céu.

Amanhecia. Deu alguns passos, tentando não tropeçar nos destroços, testando a firmeza das placas de concreto antes de avançar. Uma viatura policial estava a poucos metros dele, virada com as rodas para cima, queimada de dentro para fora. Inofensiva, pensou, sem entender direito por quê. Não muito longe, as vitrines quebradas, cheias de brinquedos e eletrodomésticos - não havia ninguém por perto para saqueá-las. Na entrada da loja destruída, ainda era possível ver os enfeites de natal, parte deles caída ao chão, em meio ao vidro e os pedaços de metal. Não havia luz alguma que se pudesse ver ao longe, não importava o quanto ele se esforçasse para enxergar. Nenhuma luz que não a dos focos de incêndio e os raios do amanhecer.

Era o Começo do Mundo, pensou ele.

Sorriu.